Tenho acompanhado, com toda medida possível, para não ter uma ‘pandemia no juízo’, os desdobramentos que tem ocorrido a partir da mais recente pandemia desse século. Um número absurdo de informações de toda natureza e por “n” formas de comunicação. Aqui, faço uma pausa para alertar que é preciso ter cuidado com as informações e suas fontes, sob pena de propagarmos informações erradas e assumir ideias e pensamentos que necessariamente, em dias ‘normais’ não assumiríamos.
Bom, mas o que esse cenário nos revela? No meu entendimento o pior da nossa sociedade. É, o pior! Porque? A maioria da população foi orientada a desenvolver um isolamento social, para evitar a propagação mais rápida do COVID-19. Pois bem, apesar do isolamento de cerca de 58,7% (veja mais em https://www.inloco.com.br/pt/), sentido pelo ar do planeta, temos visto é uma ampliação dos problemas já conhecidos e vivenciados por nós brasileiros. De um lado a população e do outro os políticos, fazendo, por sua vez, o que fazem de melhor: politicagem e brigas entre si. A população, cito a parte mais carente, tem sofrido com a ampliação da desigualdade social, amplamente revelada e amplificada com a pandemia. Aquela que, na voz do atual presidente foi enquadrada como uma “gripezinha”, tem se revelado um problema rodeado de outros problemas, especialmente, aquele de caráter ético. Sem falar na fome, falta ou ausência total de renda. Para a população mais carente, embora entenda a necessidade do isolamento, pergunta-se “como será o amanhã”, tendo em vista que fome não espera.
Contudo, num outro universo, o que se revela, também, é o perfil solidário dos brasileiros em suas comunidades. A ação solidária, graças ao entendimento das pessoas e à sua voluntariedade, que não tem, em alguns casos, os braços políticos e politiqueiros que vivenciamos.
O que se revela é que, precisamos escolher, deliberadamente escolher. Eis a grande demanda. Eu escolho me isolar ou trabalhar (serviços não essenciais). Se me isolo – atendendo as orientações científicas pertinentes -, conforme meu “lugar de amparo social” que estou inserido, corro o risco de passar muitas necessidades. Se saio para trabalhar, por exemplo, corro o grande risco de entrar nas estatísticas, sob pena de descer a sepultura sem velório e cortejo. Ser um daqueles que serão atendidos por um sistema de saúde, historicamente decadente e que tem servido apenas para o discurso no palanque político e que, agora, em dias de agonizar é que os poderes se mobilizam para tentar solucionar depois que os problemas já se ‘incronizaram’. Esse é apenas um dos motivos do isolamento. Pois, preservar vidas, num cenário de ‘desconhecimento’ é extremamente difícil. O vírus não escolhe em quem pegar, mas tem matado os mais vulneráveis.
O que se revela é que perde-se tempo investindo em coisas “supérfulas” e/ou que prejudicam a população e beneficiam certos e poucos agentes, em vez de gerir recursos para uma distribuição de renda mais justa, para o investimento maciço em pesquisa científica, com vista à melhoria da vida das pessoas, em saúde e sobretudo em educação. A crise se amplia, aqui no Brasil no meu parco entendimento, em razão de uma outra crise, amplamente amplificada com a pandemia: crise ética. Essa é profunda, aguda e reveladora do caminho que estamos trilhando.
Vamos refletir? Faça sua reflexão. Coloque o seu olhar. Fique atento. Faça sua parte. E, vamos torcer, para que tudo passe logo e que cheguemos lá melhorados, conscientes e ativos em nossos papeis sociais.